30 de março de 2013

19 de março de 2013

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Não se aproximem de mim. Sou perigosa. Uso as pessoas pra dar boas risadas depois jogo fora. Sou meticulosa. Meus planos de vingança são a longo prazo. penso em tudo pra tirar o melhor proveito da situação. Deixo todo mundo na mão.

Hoje eu não estou bem e ponto. Se quiser me foder entra na fila, ou melhor, faça amizade com o primeiro da fila!  Vibrem com meus defeitos!

Ou simplesmente fiquem amigos, depois vão embora. É a melhor forma de vingança que existe.

Infelizmente estou mais acostumada a lidar com as perdas do que com os ganhos. Mas tudo isto sempre me surpreende como se fosse a primeira vez. Sendo assim, além de tudo sou burra.

Mas vai passar, com sorte um disco voador passa pela Barra da Tijuca e pego carona. Sim, sou maluca também, um perigo nos dias de hoje.



15 de março de 2013

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A ela vou chamar de menina. Talvez porque ainda não tenha aprendido a viver, mas no fundo, é só porque se olha no espelho de vez em quando, com se a hora atrás só tivesse acontecido no relógio. Esta menina era alguém que aos 3 odiava ser apertada quando perguntavam de quem eram as bochechas. Só depois entendeu que era uma demonstração roots de amor.

Esta mesma menina que agora pegou seu Ipod de trocentos anos e encontrou uma música dos Menudos ANTES do Rick Martin entrar. E apesar de ter outros Ipods, prefere sempre este, quebrado e descascado. Assim como as unhas, que prefere observar pouco a pouco o esmalte ir embora, pra ter certeza que o tempo andou. Alguém sabe quanto tempo o esmalte demora pra sair naturalmente? É uma das coisas ridículas que ela sabe.

Assim como também sabe que nada é pra sempre, tanto coisas ruins como boas. Racionalmente tudo é muito simples, se não existissem momentos que pulam no coração de quando em quando, te explicando que não tem explicação. Aceite a falta de razão, aprenda a viver com ou sem ela, mas ainda sim acorde todo dia, escove os dentes, tome café se for possível, tome banho pra ser no mínimo socialmente aceito.

O que quer mesmo é ficar imunda, pra depois sentir o poder de um banho entrando e lavando alma por completo.

Vamos lá, esta menina ainda não conseguiu ficar suficientemente suja pra ter a sensação do banho. O ritual precisa ser melhor elaborado. Numa sexta, onde ela possa ficar só, por 48 horas. Lavando a alma, a cachorra, a casa, o carro, as gavetas e tudo mais que mereça ser renovado.

Ela não escolheu ser anti social pra vida, escolheu o melhor vinho disponível na casa, sexta de chuva, e um texto que não sabe onde vai dar.  Escolheu ou foi escolhida pelas ideias infinitas e poucas pessoas pra mergulhar fundo. Sem perguntar se era isto que o mundo queria. Foi uma escolha autoritária ou um gene maldito? Ela sabe que foi o gene, é um grito mudo... Menudo se foi. Todas músicas trazem lembranças. E vem aquela de história mais recente..até os textos ruins tem alma.

Hey amigo, vamos deixar a janta pra outro dia? Ainda bem que não sabe do propósito de ficar 2 dias sem banho..só sabe que é período de avaliação, cada vez mais frequente, e nem sempre de prazer.

A menina está triste, sabe que vai passar, mas quando passar será o mesmo? Deveria ser o mesmo? Deveria ser melhor, mas ela sabe que será diferente. O futuro ainda não aconteceu.

Só ela se preocupa com isto, vê todos em volta, de banho tomado, unhas feitas, disposição...Porque a vida se passou numa velocidade luz de quem teve tempo pra pensar, enquanto o mundo se deteve em pagar contas, calar, comer, rir....

A menina não se deu ao tempo de ir ao supermercado, preferiu ir pra casa com a última e melhor garrafa de vinho.

Como encher a cabeça, depois esvaziá-la, ideia por ideia, pra que encontre a essência, o que a move. Prefere escrever, pensar antes de falar, e não magoar com sensações ou vontades momentâneas. A menina acha a história linda demais pra ser esquecida num ato, que se repete, e se repete..o que é então a essência, o que se repete ou o que foi bom?

Enquanto existir texto idiota de quem se emprestou a chance de ouvir um Ipod velho até o final da bateria...não vai ser esquecido. Enquanto todos se preocupam com as efemeridades, simplesmente dói.

Então vai pra casa esperando ver as unhas crescerem... torcendo pra que alguém tente entender, o que realmente move esta menina.

Eu a conheço bem, Não é uma ironia?