11 de dezembro de 2008

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Olhei pela janela do carro e ao lado uma moça chorava. Pela desenvoltura no trânsito parecia habitual. Na sinaleira observei. Tinha rugas de sorrisos no rosto. Agora mexia outros músculos, nasciam novas marcas. Fiquei pensando na absoluta solidão, de quem não divide, de quem está rodeado sozinho. Das portas que se fecharam, sem nunca mais abrir. Das portas importantes que a gente não soube desistir nem ultrapassar, e por isto nos mantinham assim, trancados. Na necessidade de ajudar, gritei: Moça, sempre vai existir alguém que te ofereça consolo! Ela sorriu triste, e se foi. Por mais dúvidas que eu tenha sobre isto, me pareceu certo dividir esperança. Como iludir uma criança, até que alguém lhe ofereça um conto melhor. Ainda assim, sempre ficarão as portas fechadas, que em sonho se abrirão.

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